Foi uma festa especialmente preparada para os desbravadores.
Eles eram a peça principal de toda a programação. O dia começava
como hasteamento da bandeira, seguido pelo culto e a refeição matinal.
Durante o sábado seguiram-se as reuniões normais. Todas as noites
havia reunião ao pé da fogueira. E o domingo foi reservado para a
demonstração de habilidades e competições inter-clubes.
A alegria estampada no rosto de cada juvenil impressionava
qualquer um. O vigor e a disposição eram quase incontroláveis
em meio à poeira e o calor escaldante de sábado. Lá é tudo natural,
desde a água que nasce numa fonte a flor da terra, a cachoeira para
os banhos até o salão de reuniões, que é uma enorme caverna
com capacidade para mil pessoas, e cujo púlpito é uma pilha
de lacas de pedras.
Alguns clubes tiveram que viajar mais de 700 quilômetros para
chegarem ao local do Camporee. Isto ocorreu com o Clube Três
Fronteiras, de Uruguaina. Outros viajaram apenas 40 quilômetros,
como foi o caso do Clube Everest, do IACS. O clube de
Alegrete foi fundado há seis pelo 2° Sargento Erci Meugarejo.
A vida deles ao Camporee foi à primeira excursão e também
aproveitaram para a inauguração do uniforme. Muitos não
tinham recursos para a viagem; por isto alguns clubes fizeram
campanhas com chaveiros.
Camporee é um acampameto rápido de fim-de-semana enquanto
os outros duram mais dias. A história dos desbravadores começou
com um Pastor no EUA, que resolveu fazer um acampamento só
para juvenis ao quais os pais não acompanhariam. Os pais gostaram
dos resultados. A idéia criou raízes e hoje temos milhares de
juvenis participando de centenas de clubes pelo mundo. No Brasil
foi em 1961 que o Pastor Wilson Sarli fundo o primeiro clube em
Ribeirão Preto estado de São Paulo.
Num clube de desbravadores as crianças aprendem esportes,
ordem unida, princípios de cozinha, primeiros socorros (quase
todos sabem aplicar injeções), sobrevivência nas selvas, noções
de acampamento, como ajudar a ser útil na comunidade, aprendem
profissões, além de aprenderem a temer a Deus o Criador. Eles
formam numa igreja um grupo unido destacando-se nas atividades
da igreja.
No estado do RS há 14 com 450 desbravadores, dirigidos pelo
departamental MV José Maria e auxiliado pelo estudante
missionário Jason MacCracken, que se especializou em trabalhar
os desbravadores. A pergunta: Vale a pena investir nessas crianças
e juvenis? Foi respondida das mais diversas maneiras pelos dirigentes
de clube e líderes MV. Para o Pastor Rodolfo Gorski “Já se está
sentindo uma mudança, mas igrejas que tem clube de desbravadores”.
Pedro Mattos, de 50 anos, dirige o clube do bairro Camaquã em Porto
Alegre e estava sentado sobre um banco improvisado na barraca que
servia de cozinha, quando disse sorrindo, que gosta das crianças e se
adapta bem com elas. “Não quero deixar este trabalho tão cedo.
Fazemos excurções recoltamos, distribuímos folhetos, vendemos
Nosso Amiguinho, ajudamos recolhendo um caminhão de viveres
para os flagelados de Tubarão. Assim os ajudando, nós os ganhamos
para a igreja e eles nela permanecem.”. Já Everton, de Caxias do Sul,
não sabe se vale a pena ou se compensa o sacrifício, pois faz poucos
meses que iniciou seu clube. Paulo França é engenheiro agrônomo e
Naura Tormann professora. Eles dirigem o clube de Decondor de
Pelotas. Dizem ser um pouco sacrificado realmente, mas ao ouvirem
as crianças orar para que os dirigentes do clube não desanimem,
percebem a influência e o resultado do trabalho que toca a criança. Estes sentem uma necessidade enorme de serem ajudados.